Koyaanisqatsi (trailer)

O texto 1992: a redescoberta da natureza, de Milton Santos (1926-2001), a primeira vista nos remete a uma crítica do autor às ações ocorridas naquele ano em prol do meio ambiente como, a ECO-92. Aprofundando-se na leitura do texto vamos percebendo que homem e natureza estabelecem uma relação de dependência e destruição resultando em rupturas que se dão em um processo histórico. Tal processo, diante da tecnificação do espaço vem requerendo cada vez mais, um discurso específico, direcionado e direcionador e, apesar de não estar especificado, confirmamos os vestígios de crítica ao ECO 92, uma crítica às formas de divulgação e necessidade mercadológica do discurso ambiental que surge com esse tipo de manifestação/comunicação.
Já o título do filme Koyaanisqatsi é um documentário lançado em 1983 dirigido por Godfrey Reggio com música do compositor Philip Glass. É o filme mais conhecido da trilogia Qatsi, que é composta juntamente com as seqüências Powaqqatsi (1988) e Naqoyqatsi (2002). A trilha sonora deste documentário possui grande importância, pois o desenrolar tem a velocidade e o tom ditados por ela. Não existem diálogos e também não são feitas narrações durante todo o documentário.
No início do texto há uma crítica à universidade que por vezes se mantém distante da história, agindo e instruindo como se devessem os cientistas, técnicos e afins recriar a história e os métodos, formando homens e mulheres que transmitem tal pensamento para além da academia e se distanciam, com sua técnica, da natureza; como colocado pelo autor – “continente e conteúdo do homem”.
Santos (p.96) comenta que filósofos veem tentando encontrar um ponto de transição da Natureza dita mágica para a racional inutilmente, pois não existe uma ruptura da ciência natural e ciência das máquinas. A humanidade não deixa de fabular em decorrência do advento da tecnologia. Antes, combina as duas formas de ciência e estabelece novas relações com a natureza, já que, segundo Bérgson, as duas são uma necessidade psicológica.
A idéia de mecanização do Planeta, em Santos (p. 96-97), é fruto da ruptura entre homem e natureza; ruptura no pensamento humano de pertencimento a essa natureza, antes amiga, fonte de vida ao homem primitivo e, que hoje é o espaço onde o homem apenas busca sua subsistência. A natureza não é mais algo que complementa o homem, é algo do qual ele se serve graças ao estilo de vida adotado pela humanidade: mundialização da economia, cultura, espaço e natureza, guiando os investimentos, a circulação de riquezas, a distribuição da mercadoria.
Antes o espaço, a natureza eram utilizados de forma igualitária, para o bem comum. Hoje, natureza e espaço são unos, do ponto de vista econômico e fragmentados, do ponto de vista da sociedade, poucos desfrutam daquilo que é tirado da natureza, poucos teem direito de uso do espaço.

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