Observações acerca da formação das cidades e os porquês para a desigualdade da sociedade humana

Jared Diamond (1937) biólogo, fisiologista e biogeógrafo norte-americano, se propôs a buscar uma resposta para a dominação Européia sobre os povos habitantes de Ásia, África e América, e não o processo contrário. Sua preocupação com o método da pesquisa e comprovação de suas teses são evidenciados em seu documentário que leva o nome de um de seus livros “Guns, Germs and Steel” publicado no Brasil em 1997.
O documentário - A Evolução da Humanidade: armas, germes e aço foi produzido pela National Geografic em três volumes intitulados: Saindo do Jardim do Éden ( povos da Nova Guiné), A conquista (povos Andinos – Império Inca) e Nos Trópicos (povos da África do Sul). São fortes suas teses, desde o primeiro capítulo, sobre o desenvolvimento da agricultura promovendo desigualdades na formação social, sobre o que chama “sorte geográfica”, segundo a qual os povos Europeus, por se localizarem em áreas de clima propício ao cultivo em larga escala e de espécies diversas e onde existiam animais mais predispostos à domesticação, teriam tido uma grande vantagem sobre os homens “não brancos”.
A domesticação dos animais para Diamond propiciou benefícios ao homem em suas atividades de reprodução, alimentação, tração e carregamento, vestimenta, fertilização do solo. Além disso, o domínio do fogo pelo homem da Eurásia serviu para melhor trabalhar o aço. Armas, germes e aço são as ferramentas utilizadas pelo homem europeu para dominar e subjugar as sociedades da Ásia, África e América. E também a geografia, como Diamond tanto enfatiza em seu documentário. São essas, concepções de cunho determinista.
No episódio A conquista, Jared procura entender as raízes do poder. Nesse sentido afirma que a própria terra (geografia) separa ricos e pobres. Narra a história de dominação do povo Andino por Pizarro . O grande inimigo do povo Inca, que possibilitou a sua derrota para Pizarro foi o seu misticismo. Era o Império Inca em 1530, uma sociedade rural, com armas muito primitivas se comparadas aos cavalos (domesticados pelos europeus) e sua espada. O povo Inca dispunha apenas de lanças e lhamas (não domesticadas para transporte humano). Por uma questão, meramente mística, de obediência aos rituais o Imperador Inca teria levado toda a sua nação à destruição. Aqui além de armas, germes, aço e geografia, seria a religião (ou cultura) um fator igualmente determinante para a justificativa de dominação européia. Diamond insinua que também a escrita seria um fator que possibilita o poder.
Na África do Sul, teria o homem europeu vivenciado de início a perda de seu poder. Segundo Diamond, a geografia que trazia sorte aos europeus, em um dado momento no território africano teria significado a sua perdição. O clima dos trópicos muito diferente do de origem do homem branco o poderia ter dizimado, porém a sua técnica, o seu desejo (cultural) de aprimoramento o teria levado a escravizar o africano, acostumado ao lugar. Dalí tirando o seu sustento e ali se estruturando e desenvolvendo para colocá-lo na submissão retirando as riquezas minerais de seu país para dá-la ao europeu.
Lewis Mumford (1895-1990) foi um historiador norte americano que pesquisou nas áreas da arte, ciência e tecnologia. Foi também escritor, crítico literário e professor. Em suas obras estão presentes comentários de contexto amplo, nos quais a literatura, a arte e ação comunitária aparecem como meio para aprimorar a qualidade de vida e advertências quanto ao uso da tecnologia pelas sociedades, onde se deveria haver uma harmonia entre o desenvolvimento pessoal e as aspirações culturais regionais.
O texto de Mumford que serviu de base para esta resenha está contido em sua obra “A cidade na história”, publicado em 1961. Neste, são colocadas em discussão teses sobre a origem das cidade, por exemplo, Mumford afirma que a cidade dos mortos antecedeu a cidade dos vivos (entenda-se aqui comparando com o que se dirá mais a frente que a acomodação dos homens em pequenas comunidades impediu-o muitas vezes de prosperar/evoluir); outra tese é a de que seriam as mulheres as fundadoras das cidades e civilizações por seu caráter de estar sempre em busca de segurança e por meio da “divindade” de reproduzir a vida acabou por obrigar o homem (nômade) a se instalar em área segura e fecunda para ela e sua prole.
Neste trabalho serão apresentadas e analisadas apenas as teses contidas no primeiro capítulo deste livro – Santuário, aldeia e fortaleza – no qual Mumford apresenta, primeiramente, a cidade na história considerando que sua origem é indefinida e seu futuro imprevisível. É a cidade para ele um lugar de contradições interiores e se pergunta se há entre a Necrópolis (antigos cemitérios e santuários) e a Utopia uma cidade livre de tais contradições onde seria possível ao desenvolvimento humano enriquecer-se de maneira positiva. Propõe uma análise histórica acerca da cidade pois entende que somente a partir disso se poderá propor novos alicerces para a sua formação/estruturação, fugindo ao modelo que já é conhecido e vivenciado, diferentemente da que propõem os ditos “avançados” e “progressistas”. Se assim não o fizer a humanidade perderá, em suas palavras, “o sentimento, a emoção, a audácia criadora e a consciência”.
Em suas investigações e antevisões animais aparecem os primeiros muros , “plantas baixas”, que indicariam a existência de uma ordem urbana – para ele a cidade aglomerada parte do princípio de ajuntamento. Isso indicaria que o homem tem desde épocas remotas “certa predisposição para a vida social que o homem compartilha, evidentemente, com diversas outras espécies animais”. A diferença entre o homem e os demais animais estaria, assim, em sua predisposição, habilidade de se agrupar em estruturas muito mais complexas.
Mumford destaca que a vida humana agita-se entre dois pólos: movimento e repouso. Isso se daria em todos os níveis da vida – trocando-se a mobilidade pela segurança - neste sentido mesmo, a importância da mulher na formação da cidade (as atividades da mulher são menos agitadas que a do homem, por isso, nos primórdios era a mulher quem ditava o ritmo de vida da sociedade). Ainda, o senso de isolamento defensivo nas cidades primitivas, e uma “superficial pretensão de “territorialidade” seria “um remoto antecedente na evolução animal”. Em uma pesquisa rápida a idéia de territorialidade está atrelada à cultura de um povo.
O conceito de territorialidade refere-se ao que se encontra no território, ou o processo subjetivo de conscientização da população de fazer parte de um território, ou de integrar-se a um Estado (CORRÊA, 1994 apud DALLABRIDA,1999) . Também, o princípio de territorialidade se tornou “um meio de definir e delimitar uma comunidade politicamente pertinente” (BADIE, 1995 apud VLACH, 1999) . Este segundo conceito será o mesmo entendido por Friedrich Ratzel, geógrafo alemão do século XIX.
Ratzel foi influenciado pela teoria da evolução de Charles Darwin, e deduzia que a luta entre as espécies se dava basicamente pelo espaço (visão de Diamond), o que também se aplicaria à humanidade. Nesse sentido, os homens procurariam organizar o espaço para garantir a manutenção da vida. O maior sinal de destruição de uma sociedade seria na perda do território, enquanto o expansionismo progredia .
As afirmações de Ratzel estavam fortemente ligadas ao momento histórico que vivia, durante a unificação da Alemanha. O expansionismo do Império Alemão, arquitetado pelo primeiro-ministro da Prússia Otto von Bismarck (1815-1898), foi legitimado pelas duas principais correntes de pensamento de Ratzel, o determinismo geográfico e o espaço vital . Assim, o território é posto como um espaço que alguém possui, é a posse que lhe atribui identidade. (o pensamento de Mumford vai para essa vertente) O espaço vital manifestaria a necessidade territorial de uma sociedade tendo em vista seu equipamento tecnológico, seu efetivo demográfico e seus recursos naturais disponíveis. Seria uma relação de equilíbrio entre a população e seus recursos, seria uma porção do planeta necessária para a reprodução de uma dada comunidade. Considera também a guerra, a violência e a conquista como componentes naturais da história humana: “O povo que progride expande difundindo, sobre as sociedades que subjuga, o germe civilizatório que impulsionou seu movimento”.
O Determinismo foi a primeira forma de Geografia que se iniciou quando a Alemanha se formou em 1871, depois da guerra Franco-prussiana, que era até então a Confederação Germânica. O determinismo geográfico foi um conceito expresso por Friedrich Ratzel. O conceito versa sobre as influências que as condições naturais exerceriam sobre a humanidade, sustentando a tese de que o meio natural seria uma entidade definidora da fisiologia e psicologia humana ( o homem seria muito marcado pela natureza que o cerca). Os discípulos do determinismo foram além das proposições ratzelianas, chegando a afirmar que o homem seria um produto do meio. Defendiam que um meio natural mais hostil proporcionaria um maior nível de desenvolvimento ao exigir um alto grau de organização social para suportar todas as contrariedades impostas pela natureza ex: inverno.
Após suas preleções sobre a esfera humana e a animal, Mumford expõe suas teses sobre a construção de cemitérios e templos, como dito acima, essa preocupação pelos mortos, manifestada em seu sepultamento deliberado demonstra a característica por ele considerada iminente ao homem de piedade, apreensão e temor. Além de recorrer à Necrópolis o homem primitivo também utilizava e regressava à caverna, templo onde se realizariam as atividades domésticas, se protegeriam e mais que isso desempenhariam, as cavernas importante papel na arte e no ritual. São colocadas como importantes a arte e o ritual por seu valor de linguagem e transmissão de cultura, história de um povo e do lugar que habita; “recordam e dão continuidade àquelas finalidades originais”. Como ressalta, ainda, Mumford “tudo isso tem algo a ver com a natureza da cidade histórica”. Teria a caverna dado uma primeira concepção arquitetônica com o intuito de servir de “santuário” intensificador da receptividade espiritual e da exaltação emocional do homem primitivo; desempenhou, assim, na forma e na finalidade, importante papel no desenvolvimento final da cidade.
O sagrado tem um papel fundamental no esboço de cidade primitiva e outras substâncias são acrescentadas a elas, sempre inseparável da substância econômica que a torna possível. Essa interiorização prática do homem primitivo, segundo Mumford, atrai para o ceio dessa primeira formação arquitetônica – a caverna - os não residentes para a prática espiritual e também o comércio. A esse respeito, seria interessante destacar as considerações de Karl Marx sobre a influência do comércio na formação social, mesmo sendo as argumentações de Mumford iniciais, nesse processo mais intenso e complexo analisado por Marx, em seu tempo.
Economista, filósofo e socialista alemão, Karl Marx (1818 – 1883), considerava historicamente a contradição de classes, vinculada a certo tipo de organização social e apresentava uma filosofia dita revolucionária que procurava demonstrar as contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação. Para ele as relações sociais do homem são tidas por aquelas que o homem mantém com a natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o homem se constitui a partir de seu próprio trabalho, e sua sociedade se constitui a partir de suas condições materiais de produção, que dependem de fatores naturais (clima, biologia, geografia) e não influenciados por tais fatores, como na visão dos deterministas e de certa forma exposto por Mumford e Diamond. Suas obras apresentam, geralmente, que o surgimento dos conglomerados financeiros e industriais, a crescente substituição de mão-de-obra por máquinas (aqui mais o aperfeiçoamento da técnica empregada nos meios/instrumentos de produção) cada vez mais sofisticadas, a irradiação da forma de mercadoria a produtos e relações sociais e a política como manifestação de conflitos sociais são fatores que estão previstos e que, de certa forma diferenciam as nações entre si e nelas mesmas.
Na tese apresentada por Mumford para a domesticação, a sorte geográfica já citada por Diamond, cercada pelo determinismo geográfico de Ratzel é exposto que para assegurar a própria existência o homem paleolítico necessitava de um amplo raio de ação e grande liberdade de movimento (território); o acaso e a sorte estariam competindo com a esperteza e a perícia na economia do homem primitivo. Os primeiros vislumbres de finalidades agrícolas e os primeiros animais domésticos, de estimação e guardiões da casa teriam determinado um processo de colonização. Tal processo iniciara a reunião sistemática e o plantio de certas gramíneas, a domesticação de outras plantas dotadas de sementes (Mumford cita uma influência dessa facilidade de se alimentar à possibilidade de procriar mais do homem a sua própria espécie), e a utilização de animais em rebanhos. Neste sentido, concordam Mumford e Diamond que as sociedades que estão em constante movimento não são as vencedoras uma vez que não podem produzir alimento em grande escala, não podem ter muitos filhos, não têm um território, enfim, são mais suscetíveis à dominação e extinção.
O grande feito da revolução agrícola, segundo Mumford, foi a domesticação também do homem (conceito também visto em autores como Russeau, Hobes e Engels), acompanhada por uma importância maior dada à mulher em todos os departamentos (como já citado) e, talvez, antecedida por uma revolução sexual em que a mulher ditará as regras da sociedade frente ao talento físico do macho caçador. Disso decorrem duas mudanças no modo de vida primitivo: “a permanência e continuidade de residência e o exercício do controle e previsão dos processos outrora sujeitos aos caprichos da natureza. Tais mudanças propiciaram maior facilidade de fecundidade, nutrição e proteção. Isso, segundo Diamond seria uma justificativa para a dominação dos Europeus sobre as comunidades menos complexas, uma vez que, liberou o homem para desenvolver outras atividades mais técnicas e novas tecnologias, deixando a mulher cuidar das atividades mais corriqueiras e monótonas, invertendo a relação de poder sobre a organização da vida social, subjugando-a ao homem. Em Mumford essa liberação do homem para pensar e estruturar a dominação não foca tão evidente. Parece que toda essa mudança teria mesmo acomodado o homem primitivo e cerceado as suas características guerreiras, de busca constante de segurança, tornando-o mais pacífico. O homem teria buscado no abrigo na caverna, nas primeiras salvaguardas de si e dos seus, “no qual o circuito estático do muro fazia as vezes de armas vigilantes para manter à distância os invasores”.
Essa busca de segurança nos muros da aldeia e identificação com esse novo local vai, em Mumford significar que a aldeia co-habita a cidade (dividida em pequenas comunidades), trazendo para a comunidade suas características, necessidades e anseios de igual segurança, identidade e moral, tornando-a mais humana (solidária), possibilitando o desenvolvimento do homem nessa esfera.
As primeiras cidades são por vezes consideradas grandes assentamentos permanentes nos quais os seus habitantes não são mais simplesmente fazendeiros da área que cerca o assentamento ou aldeia, mas passaram a trabalhar em ocupações mais especializadas na cidade, onde o comércio, o estoque da produção agrícola, e o poder foram centralizados. Sobre esse assunto parecem apropriados os dizeres de Augusto Comte

“Quanto mais a moderna sociedade dinâmica se aproxima do domínio da natureza, menos tolera o atraso dos conhecimentos sobre si mesma, em comparação com o que se conhece a respeito da natureza.”

Essa proposição de Augusto Comte assemelha-se às deduções de Diamond e Mumford, assim como com a de Ratzel. Apesar de Mumford criticar como dito de início as proposições para a reestruturação social (da cidade) dos “avançados” e “progressistas”; Comte propõe em sua filosofia uma reestruturação intelectual para o progresso do espírito humano. Indicando por válido o da sociedade por meio das leis e métodos empregados na análise e estruturação das ciências naturais (física, matemática, química e biologia); tende a estudo isolar os fenômenos do sujeito, se atendo apenas à análise dos fatos para entender a realidade, num processo totalmente a-histórico. E, talvez seja essa importância pouco dada à história por Comte a grande diferença em relação às proposições de Mumford.
O diferente está na percepção de Diamond para quem, nem todas as sociedades sentem essa necessidade de progresso, de conhecimento sobre si mesmas em relação ao que conhecem sobre a natureza e que por isso estariam essas sociedades, hoje, numa posição de pobreza, considerando-se todo o desenvolvimento dos países Europeus, geograficamente abençoados. Teria sido a geografia, para Diamond, o grande favorecedor do sucesso Europeu em detrimento das demais nações – uma preleção determinista.
Em suma os fatores que iniciaram a formação da cidade e a tornaram cada vez mais complexa, serviu para uma como fator de desenvolvimento e para outras em fator de submissão e extinção. A dialética entre os fatores talvez seja o principal ponto da discussão, a história por trás dos fenômenos, como considerou Mumford se faz necessário para conhecer e evitar os fracassos de outrora; o mecanismo sucessivo de movimento e acomodação que permeia a vida humana é a mola propulsora do desenvolvimento e do progresso para Diamond e as relações de poder por meio da exploração justificável pela necessidade do mercado, do capital, dos avanços tecnológicos seriam os fatores que justificaram e o continuam a fazer na modernidade.
Não apenas armas, germes e aço mas a concepção da evolução da cidade como centro de criação e transmissão de valores sociais (cívicos e morais), até aqui, aceitando mais a teoria de Diamond em detrimento da de Mumfor, sem descartá-la por completo, mais combinando-as poderiam justificar a dominação européia.
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Francisco Pizarro (1476 – 1541) conquistador e explorador espanhol.

Informações deste parágrafo disponíveis em: http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2511.html. Acesso: 19 de junho de 2009.

DALLABRIDA, Valdir R. Novos paradigmas para o desenvolvimento regional. RS. UNIJUI, 1999. Geonotas [trimestral]. Acesso: 02 de junho de 2009. Web: http://www.dge.uem.br/geonotas/vol3-1/dala.html.

VLACH, Vânia. Acerca da geografia, da política, da geograficidade: fragmentos metodológicos. Sociedade & Natureza, ano 11, n. 21 e 22, p. 97-109, jan/dez. 1999. Acesso: 02 de julho de 2009. Web: http://www.ig.ufu.br/legeo/acercadageografiapoliticavania.htm.

O território seria uma determinada porção da superfície terrestre apropriada por um grupo humano (concepção da zoologia e botânica); O espaço vital manifestaria a necessidade territorial de uma sociedade tendo em vista seu equipamento tecnológico, seu efetivo demográfico e seus recursos naturais disponíveis.

As informações que se seguem foram retiradas do sítio: http://www.culturabrasil.org/marx.htm . Acesso: 24 de junho de 2009.

Augusto Comte () filósofo francês que iniciou o debate sobre uma física social, a qual pretendia estabelecer como ciência a sociologia. Para ele a ordem leva ao progresso; a formação da sociedade deve estar voltada para o progresso, igualmente. È dele a iniciativa de apresentar a justificação da sociologia e de sua necessidade mediante um paralelo entre os conhecimentos sociais e os naturais.

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